A campanha "Na Páscoa, quem paga é o mexilhão" visa a prevenção da apanha excessiva do mexilhão, pretendendo chegar a toda a população.
O MEXILHÃO
Desde de que o homem visitou pela primeira vez a costa do mar que certamente utilizou os bivalves como alimento.
Em muitas costas existem grandes áreas onde estão depositadas conchas de moluscos bivalves e, pelos vários estudos efectuados, somos levados a reconhecer a remota apetência humana pelo consumo destes animais.
Durante muitos séculos, o mexilhão (Mytilus sp.) foi apanhado das costas rochosas portuguesas para consumo humano, para comercialização ou para o seu uso como isco de pesca.
Atualmente, nas costas rochosas mais expostas à ondulação dominante na costa central de Portugal, o ser humano é um predador do intertidal (zona entre marés), apanhando sobretudo mexilhão e perceves (Pollicipes pollicipes).
Em Portugal existem duas espécies de mexilhões (Mytilus galloprovincialis - mexilhão do mediterrâneo e Mytilus edule - mexilhão vulgar); no entanto, estas espécies são de difícil identificação na Natureza.
CAMPANHA "NA PÁSCOA QUEM PAGA É O MEXILHÃO"
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo.
A definição da data do dia de Páscoa é, de acordo com o calendário cristão, o primeiro domingo depois da primeira lua cheia do Equinócio de Primavera, assim não é de estranhar que estas festividades sejam móveis consoante o ciclo lunar e não fixas como é o caso do Natal.
Os ciclos de maré também são coordenados com o ciclo lunar, registando-se as mais altas das marés-altas e as mais baixas das marés-baixas nas luas cheias do Equinócios de Primavera.
Estes dois fatores em comum fazem com que em todas as Páscoas, na Sexta-feira Santa, haja uma maré baixa muito boa para realizar a apanha de mexilhão, perceves, lapas, etc.
Este facto, associado à crença cristã de não consumir carne nesta data, levou à criação de uma tradição familiar nas zonas costeiras de Portugal, registando-se na manhã da Sexta-feira Santa (feriado oficial) uma visita das famílias aos locais onde existe este molusco em abundância para a sua recolha e consumo.
O que se verifica é a captura de toneladas de animais por centenas de pessoas num curto de espaço de tempo, o que provoca invariavelmente profundas perturbações no ecossistema intertidal e torna a sua recuperação muito morosa.
Para minimizar os efeitos nefastos que esta tradição tem no litoral de Cascais, anualmente é realizada a campanha de informação “Na Páscoa quem paga é o mexilhão!”.
A ação conta com equipas no terreno, de forma a sensibilizar as pessoas que se deslocam ao litoral para a captura de mexilhão e percebes neste feriado nacional, distribuindo informação e alertando para os limites legais de captura.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
No que concerne a legislação referente a apanha de moluscos bivalves, nomeadamente mexilhão, podem ser referenciadas duas situações.
A apanha profissional (regulamentada pela portaria nº 1102-B, I Série-B de 22 de Novembro de 2000 e alterado pela Portaria nº 144, I Série-B de 20 de Fevereiro de 2006) e a apanha lúdica (regulamentada pela Portaria n.º 14/2014, publicada a 23 de janeiro de 2014).