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II Encontro Nacional de Limpeza Urbana

Organizado pela Cascais Ambiente, o II Encontro Nacional de Limpeza Urbana teve lugar no dia 30 de maio de 2019, na casa das Histórias Paula Rego, Cascais. Em baixo, no programa, pode aceder a cada uma das apresentações.

Na 2ª edição desta iniciativa, que teve o apoio institucional do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, participaram cerca de 130 representantes de autarquias de norte a sul do país e ilhas, empresas municipais, serviços municipalizados, empresas fornecedoras de serviços, universidades e empresas privadas de gestão de resíduos. A iniciativa contou também com a presença de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, e Joana Balsemão, vereadora do ambiente da Câmara Municipal de Cascais.

RESUMO DOS TEMAS:

Associações nascem para melhorar a limpeza das cidades

O II Encontro Nacional de Limpeza Urbana foi o palco para a apresentação da nova associação LIMPEZA URBANA – Parceria para Cidades + Inteligentes e Sustentáveis, que reúne 12 municípios em torno das temáticas da limpeza urbana.  

Luís Almeida Capão é o presidente da direção da associação, que promete imprimir uma nova dinâmica nacional à temática da limpeza urbana. Ajudar as cidades a melhorar os seus serviços de limpeza e a motivar os cidadãos para comportamentos mais ambientais é o grande propósito desta iniciativa que em breve deverá lançar um estudo nacional de caracterização da limpeza urbana.

Nesta ótica foi apresentado o trabalho desenvolvido pela associação francesa – Association des Villes pour la Propreté Urbaine. Hervé Guillaume, secretário geral, tem sido o motor de 10 anos de trabalho da associação, que sublinhou a criação dos Indicadores de Limpeza Urbana. Esta metodologia permite conhecer o estado de limpeza, tipo de sujidade e estabelecer comparações objetivas entre cidades, de modo a desenvolver ações que possam melhorar as situações observadas.

 

Glifosato: Não existe “uma bala mágica” alternativa

O glifosato foi o tema mais participado do II Encontro Nacional de Limpeza Urbana, realizado em Cascais, a 30 de maio, com a audiência a manifestar grande interesse nas experiências apresentadas pelas autarquias de Serpa, Loulé, Funchal e Junta de Freguesia da Estrela. A transição na utilização de herbicidas á base de glifosato para alternativas com menos impacto na saúde e no ambiente não é fácil, nem linear.

Francisco Godinho, vereador de Ambiente da Câmara Municipal de Serpa, explicou que a autarquia adquiriu em 2018 uma máquina de monda térmica, que para além da monda permite fazer a lavagem dos largos e praças. No entanto, esta alternativa não é 100% eficaz, uma vez que as infestantes têm de ser de tamanho reduzido e têm de ser cortadas antes de intervencionadas com o equipamento térmico. “Neste momento, estamos numa fase de adaptação a esta nova realidade, pelo que o aspeto das ruas por vezes não é aquele que desejaríamos”, observou.

“No próximo ano, para além da aquisição de uma segunda máquina, o município de Serpa prevê alargar a equipa de monda manual e a monda mecânica, para dar apoio às máquinas de monda térmica”, resumiu o vereador.

A Junta de Freguesia da Estrela, Lisboa, foi a primeira do país a abolir o glifosato na limpeza de ruas e espaço verdes, em 2014. Mas conforme salientado pelo seu presidente, Luís Newton, o caminho não tem sido fácil, sendo que a estratégia adoptada passa pela utilização de várias técnicas sobrepostas que permitem a eficácia na ordem dos 67% relativamente ao glifosato.

Joaquim Barros, da Câmara Municipal de Loulé, apontou que os métodos de controlo que têm surgido no mercado como a monda térmica “não são eficazes e não constituem alternativa aos métodos e produtos clássicos usados no combate a infestantes, especialmente quando as áreas a controlar são de grande dimensão”. Assim, o método atual mais usado no município passa pela monda mecânica, ou seja, corte de plantas infestantes através da utilização de vários equipamentos.  Também é utilizado um herbicida não selectivo das culturas que age estritamente por contacto, devidamente autorizado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária.

O responsável de Loulé considerou que a utilização de água quente/vapor de água no combate a infestantes “é um método moroso e que consome grandes quantidades de água e não se adequa a grandes áreas, dado que os ensaios realizados em zonas piloto não obtiveram  resultados satisfatórios”.

O Funchal está neste caminho desde 2016, tendo optado por recuperar a monda manual e reforçar a monda mecânica, o que resultou no desenvolvimento de 5 equipas com um total de cerca de 30 pessoas e vários equipamentos. “É um trabalho exigente e moroso com resultados de curto prazo. Não é comparável ao herbicida com glifosato. E claro que isso tem impacto nos custos inerentes a este tipo de limpeza”, afirmou Alexandra Nunes, da autarquia madeirense.

A responsável evidenciou as várias técnicas alternativas que foram testadas e comparadas, visto não ser conhecida uma alternativa com um custo benefício comparável aos dos herbicidas com gifosato. No final, todos concordaram na perspetiva de que “não existe uma bala mágica”.

 

Inovação tecnológica e mobilização social são fulcrais na limpeza urbana

Nos exemplos nacionais de boas práticas apresentadas no II Encontro Nacional de Limpeza Urbana, o Smart Urban Cleaning de Cascais está a transformar os serviços de limpeza urbana de Cascais graças a sistemas tecnológicos de informação instalados em caixotes de lixo, carrinhos de varredura,  varredouras e veículos de recolha de cortes de jardins e monstros, num ecossistema mais eficiente (em termos operacionais) e promotor de melhor qualidade de vida.

O novo sistema de recolha de resíduos de Braga foi outro dos casos apresentados. Este sistema substituiu a recolha feita em sacos pela contentorização subterrânea e de superfície, cuja tipologia e método de recolha foram adaptados de acordo com a densidade populacional. Com um investimento global de cerca de 8 milhões de euros, o sistema tem ainda uma forte componente de tecnologia de informação associada.

Guimarães conquistou a audiência com o sucesso do projeto CARE – o copo reutilizável disponível em estabelecimentos do centro histórico e nos eventos, que está a reduzir os quantitativos de resíduos deixados no chão da cidade.

Entre as boas práticas internacionais, destaque para a abordagem de Paris e Montpellier (França) focadas em ações de sensibilização e de transformação comportamental como forma de reduzir as quantidades de resíduos produzidos e o seu correto encaminhamento para os locais adequados. De Espanha, os municípios de Oviedo e Bilbao evidenciaram uma aposta mais tecnológica e de disponibilização de equipamentos e serviços ao cidadão.

 

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