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Opinião de Luís Veiga Martins, Chief Sustainability Officer, Nova School of Business and Economics

Tornar-se o primeiro continente no mundo neutro é o maior desafio e a maior oportunidade dos nossos tempos. Portugal foi dos primeiros países a responder a este desafio ao aprovar o seu roteiro para 2050.
O investimento em Investigação & Desenvolvimento irá ser de uma relevância estratégica com vista a serem identificadas e testadas as melhores opções sem desvalorizar a competitividade.
Um novo decénio repleto de desafios

A mudança de ano é sempre uma oportunidade para serem realizadas avaliações sobre o que foi feito, o que ficou por fazer e o que o que nos propomos a alcançar no futuro. Por vezes fica a sensação de que o ano deveria ter mais uns dias para que ficasse tudo concluído. Porém, este final de ano tem um carácter especial dado estarmos a terminar um decénio e a iniciar um novo que, mais uma vez, será repleto de diversos tipos de desafios.

Do ponto de vista ambiental, deixo ao critério de cada um fazer a sua própria avaliação do que aconteceu nos últimos dez anos e se estamos melhores ou piores. Partilho apenas a minha satisfação por, a partir da segunda metade do decénio que termina, ter finalmente surgido um sentido de urgência na resolução de uma série de desafios ambientais que, no futuro, continuarão a criar excelentes oportunidades de desenvolvimento económico e social no espaço europeu.

Um conjunto de decisões foram tomadas por parte da União Europeia que, apesar de serem sempre discutíveis e passiveis de múltiplas análises, deixaram clara a vontade política do nosso continente ser um exemplo e referência para o resto do mundo.

O novo decénio arranca inspirado pelo anúncio do European Green Deal (Pacote Ecológico Europeu), que tem um objetivo extremamente importante: a neutralidade carbónica da Europa em 2050. Tornar-se o primeiro continente no mundo neutro é o maior desafio e a maior oportunidade dos nossos tempos. Portugal foi dos primeiros países a responder a este desafio ao aprovar o seu roteiro para 2050.

Para a Europa alcançar tão importante desiderato são preconizadas um conjunto de ambiciosas medidas que permitirão, a cidadãos e empresas europeias, beneficiarem de uma transição verde sustentável.

Uma das áreas políticas de atuação da Comissão Europeia neste pacote está ligada à sustentabilidade industrial, que assenta nos princípios da economia circular complementando e reforçando o plano que se encontra em vigor desde o início de 2018.

Um novo plano de ação para a economia circular ajudará a modernizar a economia da UE através da apresentação de uma política de "produtos sustentáveis"que priorizará a redução e a reutilização dos materiais antes da sua valorização por reciclagem. Requisitos mínimos serão exigidos para os produtos colocados no mercado para evitar danos ambientais.

Estes novos objetivos, associados aos que já se encontram aprovados, levarão a que possamos almejar um decénio com múltiplos desafios no que diz respeito à gestão de resíduos para que no final qualquer resíduo que seja reciclável não seja depositado em aterro, a não ser que seja esta a solução ambientalmente mais adequada.

Todos os resíduos urbanos biodegradáveis estarão a ser recolhidos seletivamente ou valorizados pelo consumidor; o desperdício alimentar deverá ser menos de 50 % comparativamente com 2015; 70 % dos resíduos de embalagem serão reciclados; todas as embalagens serão reutilizáveis ou recicláveis; 90 % das embalagens de bebidas de PET serão já recolhidas; e talvez estejamos próximos de apenas 10 % dos resíduos produzidos na Europa serem enviados para aterro.

O investimento em Investigação & Desenvolvimento irá ser de uma relevância estratégica com vista a serem identificadas e testadas as melhores opções sem desvalorizar a competitividade. A nossa qualidade desempenhará, também, um papel de extrema relevância.

As soluções para enfrentar todos os desafios que se colocam deverão estar alinhadas com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para o seu cumprimento é necessária ambição,  daí o Secretário Geral das Nações Unidas ter definido este decénio que agora começa como o Decénio de Ação. A este apelo, a Europa e os seus Estados-Membros têm dito “presente”!

Um bom ano e mãos à obra!!