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Seminário RE-PARAR

Quarta, 15 Dezembro 2021
A reparação como estratégia chave para uma economia circular

Já conhece o projeto RE-PARAR? A iniciativa surgiu com o objetivo de facilitar a reparação de materiais e o acesso aos serviços de reparação. Este projeto é uma iniciativa da Circular Economy Portugal, em parceria com a Cascais Ambiente, que pretende sensibilizar para a importância da reparação como um dos R’s mais relevantes da economia circular e assim promover a reparação enquanto alternativa circular e sustentável ao descarte e ao consumo de objetos e equipamentos novos.

Em Cascais, já foram mapeados os reparadores profissionais e as lojas de reparação existentes no concelho em diferentes categorias desde costura, eletrodomésticos/eletrónica a computadores, entre outras, para que os munícipes tenham acesso facilitado a esta informação. (Ver aqui)

O projeto RE-PARAR foi apresentado na manhã desta quarta-feira, 15 de dezembro, a partir do Salão Nobre, na Câmara Municipal de Cascais, para mais de 30 participantes que assistiram a este seminário online. Nesta sessão foram revelados os grandes objetivos desta iniciativa e os primeiros resultados deste projeto-piloto.

“Não resisto a fazer uma analogia, vemos aqui que através da reparação há uma fortíssima oportunidade para a economia circular e é um tema que em Cascais queremos muito explorar e ir além deste projeto-piloto,” salientou Joana Balsemão, vereadora com o pelouro do ambiente, adiantando que o projeto tem uma dupla valência dado que, além de promover a economia circular pode gerar emprego verde: “Temos aqui dois tipos de reparação, a reparação dos objetos no âmbito da economia circular e depois a reparação de um tecido social e económico, através da geração de emprego verde.”

Para Joana Balsemão, as autarquias e governos locais têm um papel fundamental nesta ação: “Pela proximidade que têm com os cidadãos, o tecido empresarial e o conhecimento de base local permite saber onde estão os focos de vulnerabilidade ou potencialidade e coser cadeias de valor,” concluiu.

Já Marta Brazão, da CEP, identificou que o sucesso do projeto prende-se com as dificuldades e desconhecimento sobre o processo da reparação por parte dos utilizadores, salientando que para isso é necessário partilhar mais informações mesmo a partir das próprias empresas e implementar medidas a nível local ou nacional que promovam a reparação, como o exemplo da Bélgica, onde o IVA para a reparação baixou de 22% para 12% ou da Áustria, onde existe um voucher nacional para o estado comparticipar até 50% o valor da reparação

A sessão contou ainda com a participação da eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, que tem defendido o direito a reparação. A eurodeputada salientou que na europa 64% da população prefere reparar os seus eletrodomésticos e que a restante não o faz por motivos económicos.

O encontro terminou com um debate sobre a reparação como estratégia de promoção da economia circular em Portugal entre Aurélio Pereira, da empresa “Loja das Peças”, Carolina Duque, E-Cycle, Rafael Calado – FabLab Lisboa/Repair Café Lisboa e Susana Ferreira, do Eletrão, onde foram identificados os maiores obstáculos à reparação como a falta de enquadramento legislativo, a desmontagem: fase difícil no processo de reciclagem, o desconhecimento sobre o tempo que envolve reparar um equipamento e o comércio de produtos de baixa qualidade no mercado, para as quais não existem peças de reposição

O RE-PARAR desafia também outros municípios e organizações a seguirem o seu exemplo e a mapearem os reparadores da sua região, gerando assim uma rede nacional de profissionais reparadores e lojas de reparação. Para isso conta ainda com um novo website lançado recentemente que servirá de uma plataforma agregadora de conhecimento sobre reparadores e técnicas de reparação e que alimentará o debate sobre o direito, o dever e a alegria de reparar.

Este projeto está a ser financiado através do Aviso “Produção e Consumo Sustentáveis”, do Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente e Ação Climática.

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FMC/CMC