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Cascais | O Mergulho é para Todos

Quinta, 5 Setembro 2019
Está de volta o Dive for All, o projeto que proporciona a pessoas com deficiência a possibilidade de fazer mergulho, uma atividade que é considerada uma terapia com importantes resultados e um desporto que promove a inclusão.

Entre os dias 3, 4 e 5 de setembro o Complexo Desportivo Municipal da Abóboda tem novos utentes. Ao todo são 38 as pessoas com deficiência que este ano se inscreveram no Projeto Dive for All para terem uma experiência de mergulho adaptado. No dia 13 vão ter a possibilidade de fazer mergulho no mar mas, para já, estão a realizar o mergulho experimental nas piscinas acompanhados por instrutores da escola Cascais Dive.

Nuno Pereira é um dos instrutores do Cascais Dive que está a acompanhar este projeto já desde a sua segunda edição. Ao fim de oito anos, Nuno continua a considerar este projeto “fabuloso” e acrescenta que esta iniciativa é “muito diferente daquilo a que estamos habituados. É perceber que nós, ditos normais, temos algumas dificuldades na vida e depois chegamos aqui e percebemos que estas pessoas com muito mais dificuldades do que nós conseguem fazer exatamente o mesmo e, por vezes, com menos problemas do que pessoas que não têm qualquer tipo de dificuldade”.

Para o instrutor, a maior dificuldade dos participantes do Dive for All costuma ser “nas pessoas que têm alguma dificuldade motora, por vezes é difícil segurar o regulador na boca, e isso é fundamental” mas adianta que a maior parte tem uma grande facilidade porque “se sentem livres debaixo de água não sentem qualquer tipo de problema”.

Antes do mergulho no mar, os inscritos no Dive for All realizam um mergulho experimental numa piscina. Nuno Pereira explica que este mergulho “permite avaliar se o que fazem aqui conseguem replicar na praia onde o ambiente é um bocadinho diferente, a água é mais fria e acaba por ser uma dificuldade para alguns” acrescentando ainda que, por estarem num ambiente controlado e com baixa profundidade, os instrutores conseguem perceber se as dificuldades que têm “vão criar problemas e aí acabamos por criar algumas condicionante. Têm esta experiência aqui na piscina mas não vão ao mar. Gostamos sempre de tentar levar o máximo de pessoas para o mar mas a segurança tem de estar acima de tudo”.

Susana Marques é uma das participantes desta edição e conta que descobriu este projeto “na praia do Tamariz, naquela zona adaptada. Tenho lá ido à praia e uma das meninas veio-me perguntar se estava interessada e eu disse que sim, para experimentar”. Susana ainda não teve a oportunidade de experimentar mergulhar mas está com muita expectativa: “Sempre gostei de mar, de mar agitado. Tive um acidente há 3 anos mas continuo a ir à praia, continuo a estar dentro de água e a nadar. Também faço hidroterapia e isto é estar novamente dentro de água mas com uma experiência completamente diferente. Se passar e conseguir ir depois fazer no mar aí é que vai ser mesmo interessante”. Conta que ainda há pouco tempo o seu filho foi fazer mergulho e que isso também a deixou mais curiosa, embora para ele seja mais simples, porque teve apenas de adquirir um voucher e ir fazer uma batismo de mergulho. Susana ressalva que “estas iniciativas ajudam imenso e é uma oportunidade até para a pessoa experimentar e decidir se quer continuar e se quer fazer isto como desporto ou atividade. Por vezes as pessoas com problemas físicos não experimentam porque não têm oportunidade e não sabem se gostam ou não, ou se podem continuar a fazer”.

Nuno Duarte tinha acabado de sair da piscina quando salientou que esta “foi uma experiência excelente. É uma coisa que já queria fazer há muito tempo, fazia na praia aquelas brincadeiras em que ia com os óculos e via os peixinhos, mas isto é excelente para poder sonhar fazer mais vezes. Mas só com ajuda, como é óbvio,” e acrescentou que os instrutores do Cascais Dive que o acompanharam “foram formidáveis e ajudaram-me muito”.

Já Fernando Pinho, também inscrito nesta iniciativa, explica que “já tinha feito mergulho no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão onde sou utente. A temperatura da água é outra e lá sou o único que consegue fazer a transferência toda da cadeira para dentro da piscina e levar o meu corpo de ponta a ponta” mas revela que já está habituado a “sentir esta pressão toda que há dentro de água porque faço acrobacia aérea e isso tornou mais fácil. Foi excelente e ótimo estar a partilhar isto aqui dentro. Estou super maravilhado” concluiu.

No próximo dia 13 de setembro, alguns dos inscritos vão ter a possibilidade de repetir o mergulho, mas na Praia do Tamariz. Já são nove anos deste projeto que proporciona a pessoas com deficiência novas oportunidades e experiência, promovendo a inclusão e adaptação para todos.

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