A memória está fresca e ainda estamos a lidar com as consequências do mau tempo que assolou a Área da Grande Lisboa nestes últimos dias. Por isso não há tempo a perder e Cascais quer liderar o processo de prevenção e contenção dos riscos associados aos fenómenos naturais extremos que, como avisam os cientistas, se vão tornar mais intensos e frequentes devido às alterações climáticas. Para ajudar nesse trabalho de prevenção, Cascais vai poder contar com dois projetos inovadores de alerta para fenómenos naturais extremos como ondas de calor e de frio ou riscos de cheias e deslizamento de terras.
“O território tem que estar preparado para prevenir e mitigar a ocorrência de fenómenos naturais extremos. Há várias maneiras de nos preparamos que passa por várias dimensões como a adaptação do território para os impactos”, salientou Joana Balsemão, vereadora com o pelouro do Ambiente da CM de Cascais.
"E muito já se tem feito no concelho para promover essa adaptação do território, como sejam a renaturalização das ribeiras que no caso de chuvas intensas provocará menos impacto nas zonas urbanizadas", exemplificou a vereadora.
“Outra das formas de nos prepararmos é através da operacionalização de medidas de limpeza e de ações de informação e sensibilização da população”, referiu Joana Balsemão que sublinhou também a importância da possibilidade de previsão atempada da ocorrência destes fenómenos extremos.
“Saber quando, onde e como vão ocorrer esses fenómenos naturais é de extrema utilidade para acionarmos os mecanismos de prevenção e podermos delinear planos de ação com o apoio de vários setores e departamentos da Câmara Municipal de Cascais em estreita articulação com a Proteção Civil”, referiu ainda a vereadora.
Os novos sistemas de alerta para fenómenos naturais extremos utilizam, assim, as novas tecnologias para nos dar essas respostas, com uma dimensão local. Um desses projetos, fruto de uma parceria do Município de Cascais com a CoLAB + Atlântico – uma Associação sem fins lucrativos, é o +Coast. Sense - um interface de utilizador intuitivo para consulta e obtenção de dados ambientais e climáticos que integram sistemas de alerta precoce para exposição do território a eventos extremos e medição do seu impacto. Utilizando as novas tecnologias e a inteligência artificial o sistema de alertas é eficiente e rigoroso, mas aquilo que o diferencia dos sistemas de alerta oficiais existentes é que pode ser ajustado às necessidades locais.
No caso de uma onda de calor ou de frio, por exemplo, é possível prevê-la com uma antecedência de 48 horas e medir o seu impacto com uma precisão de 250 metros. Ou seja, monitorizar a temperatura localmente e distinguir os impactos não só por freguesia, mas, em cada rua ou zona urbana determinada. O que permitirá às autoridades agir em consonância e prevenir possíveis danos na saúde das pessoas mais frágeis e suscetíveis às alterações térmicas, de acordo com as informações disponíveis para o local onde residem.
Outro dos projetos resulta de uma pareceria com a 2ADAPT que coloca o desenvolvimento tecnológico ao serviço de novas ferramentas que permitem criar alertas para fenómenos naturais extremos e suas consequências como cheias e deslizamento de terras. O inovador sistema permite com uma antecedência de 78 horas alertar para o risco de inundações e deslizamento de terras, através da utilização de dados já existentes que transformam em informação que poderá ser utilizada pelas autoridades locais que atuam nestas situações, para que se acionem os mecanismos de prevenção. Pode-se assim, por exemplo, através da análise das infraestruturas de Cascais, obter o seu grau de vulnerabilidade aos riscos de inundação ou deslizamento de terras em determinado momento e de acordo com a intensidade e duração do fenómeno natural.