São 2,7 hectares dentro da malha urbana. A sul, espreita o Oceano Atlântico a exortar a brisa marítima que, junto com a farta exposição solar, tornam singular esta vinha em Carcavelos. Em 2017, o Município de Cascais adquiriu o convento de Santa Maria do Mar e, desde então, a Terras de Cascais iniciou um trabalho de recuperação da vinha quase perdida e cujas castas dão o mote irrepetível ao DOC Carcavelos. Falamos da Ratinho e da Galego Dourado, elas próprias em risco de extinção que, junto com a Arinto, dão origem ao DOC Carcavelos branco.
Esta é a primeira vindima de há 15 anos. Desde 2016 que Cascais não declarava uva para vinho de Carcavelos. Por isso há um ambiente de celebração no ar. “ Uma grande vitória para nós, como concelho, conseguirmos de novo voltar a ter vinho de Carcavelos produzido na freguesia de Carcavelos”, referiu André Miguel, responsável pela Divisão Terras de Cascais.
Este é um vinho com muito futuro, apesar da sua longa história que remonta a Marquês de Pombal. São 500 anos de história que agora se preservam com o trabalho de reabilitação desta vinha, através do método tradiconal que inclui a introdução de animais para ajudar a terra a recuperar e a torna-la mais resiliente às alterações climáticas.
Mas, um longo caminho há ainda a percorrer para que possamos provar no copo o resultado desta primeira vindima. Há que fazer um estágio mínimo de dois anos em madeira e seis meses em garrafa. Mas, provavelmente são sete anos ou mais até podermos apreciar o generoso vinho de Carcavelos em pleno. Porque nestas coisas preciosas o tempo corre lentamente, gota a gota, até à transformação final. E a espera faz parte do processo.
Paula Lamares (texto) | Gonçalo Borges Dias (fotos) | Pedro Ramos (imagens vídeo) e Carolina Mendonça (edição) | Câmara Municipal de Cascais
