A multiplicidade de habitats e a proximidade ao mar faz com que Cascais tenha uma grande afluência de espécies de aves ao longo de todo o ano. Algumas são residentes, mas há outras que passam cá apenas alguns meses.
São aves migratórias, invernantes ou estivais. Umas só as vê de passagem, enquanto outras permanecem durante o inverno ou chegam no início da primavera e nidificam em Cascais. Algumas aves marinhas encontram ao largo da nossa costa, importantes áreas de alimentação durante a sua passagem migratória ou durante o inverno. Outras aves como a Rola-do-mar, o Pilrito-das-praias e o Pilrito-escuro nidificam no círculo polar Ártico e escolhem o litoral de Cascais para passar o Inverno.
O Dia Mundial das Aves Migratórias celebra-se, anualmente, no segundo fim-de-semana de maio e visa a sensibilização geral para a necessidade de proteção e conservação das aves migratórias e dos seus habitats, aumentando a tomada de consciência global para as ameaças que estas aves enfrentam. Em 2023 a data é celebrada a 13 de maio e a 23 de outubro.
Aves Migratórias em Cascais
Rola-do-mar (Arenaria interpres)
É uma ave limícola pequena e bastante comum no litoral de Cascais, surgindo frequentemente em zonas rochosas expostas ao mar e ao efeito das marés, onde procuram alimento. De forma arredondada e atarracada, com padrão malhado nas asas e patas laranjas, em voo é bem visível uma barra branca rodeada de manchas escuras no dorso. No inverno, têm um aspeto geralmente pardacento e malhado, a sua plumagem torna-se mais contrastante e ganha tons mais alaranjados e brancos mais intensos antes da época de reprodução. Têm um bico cuneiforme escuro que usam para virar pedras e chegar a pequenas cavidades enquanto procuram pequenos invertebrados e algas de que se alimentam.
Estão presentes, por vezes em grande número, durante os períodos migratórios de outono e primavera. Estas pequenas aves realizam movimentos migratórios de grande dimensão entre os seus locais de nidificação, que vão desde o ártico canadiano, Gronelândia, Fino-Escandinávia ao norte da Rússia, e os seus locais de Invernada, que incluem Portugal e África. Algumas permanecem em Cascais durante o inverno, constituindo bandos numerosos na zona da Praia das Avencas e todo o litoral do Estoril.
Pilrito-das-praias (Calidris alba)
É uma das aves mais frequentemente observadas junto da rebentação nas praias ou em lajes rochosas de Cascais, onde se alimentam freneticamente de pequenos invertebrados. São pequenas aves limícolas com barriga branca e dorso cinzento, que ganha coloração mais malhada com manchas pretas e alaranjadas antes da época de reprodução.
Estão presentes em bandos por vezes muito numerosos sobretudo no final do Verão e durante o inverno. Na primavera migram de volta às suas áreas de nidificação, no círculo polar ártico. A zona da Praia das Avencas é uma das áreas onde surgem bandos numerosos desta espécie durante a baixa-mar.
Pilrito-escuro (Calidris maritima)
Pilrito com plumagem cinzenta e bico amarelo. É uma espécie invernante considerada pouco comum em Portugal, mas regular em Cascais, surgindo sobretudo na zona do Cabo Raso e na costa do Estoril. Prefere zonas de costa rochosa e molhes expostos a ondulação, onde se alimenta freneticamente de invertebrados. Tem estatuto de conservação elevado (EN) e, de acordo com referências, a população invernante em Portugal não deverá ultrapassar as dezenas, dando relevância às áreas onde ocorre regularmente. É um migrador tardio, e a população invernante pode ficar até ao final de abril. Nidifica na orla das regiões árticas e subárticas, incluindo Sibéria, norte da Escandinávia, Islândia, Gronelândia e costa do Canadá.