À primeira vista parecem ser todos cágados iguais, mas não. A grande maioria dos cágados existentes no lago do Parque Marechal Carmona são de espécies exóticas e as diferenças podiam ter custado a vida aos dois exemplares mediterrânicos detetados há dias.
E porquê? As espécies exóticas competem fortemente pelo habitat, por alimento, pelos melhores locais de desova e de exposição ao sol, entre outras. Além disso, as espécies exóticas são também mais agressivas e reproduzem-se mais rapidamente do que as nativas, suplantando e ameaçando o ciclo de vida destas últimas. Dito isto é evidente que, a proteção das espécies nativas é de extrema relevância.
E foi isso que fizemos.
A equipa da Cascais Ambiente recolheu os dois cágados-mediterrânicos (Mauremys leprosa), transportou-os e libertou-os em ambiente natural, neste caso a Quinta do Pisão. Para conseguir comparar o seu desenvolvimento em futuras monitorizações e acompanhar o seu progresso no seu novo lar foram medidos alguns parâmetros físicos.
Estatuto vulnerável
Importa referir que os dois cágados que motivaram esta operação pertencem a uma espécie de estatuto vulnerável (VU – IUCN) a nível mundial, embora em Portugal seja, de momento, pouco preocupante (LC – LVVP). O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) está inscrito no Anexo II da Convenção Berna e nos Anexos II e IV da Directiva Habitats.
Decréscimo populacional
Infelizmente há a elevada probabilidade do estatuto desta espécie se vir a alterar dado o decréscimo populacional que tem vindo a verificar-se ao longo dos anos, sobretudo por causa da destruição e/ou degradação do habitat.
Libertação indevida
Entre as causas está também a invasão de espécies exóticas fruto libertação indevida e ilegal em ambiente natural. Inicialmente comercializados como animais de estimação, os indivíduos de espécies como a tartaruga-de-orelhas-vermelhas (Trachemys scripta) e de outras espécies de cágados exóticos, têm vindo a ser encontrados em elevados números nos habitats das espécies nativas.
Caso detete um animal fora do seu habitat natural contacte o SOS Ambiente e Território - 808 200 520 (disponível 24 horas) e/ou Parque Natural Sintra Cascais - 219 247 200 / 219 247 227