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Espécies de alforrecas e medusas da nossa costa

 

Se for picado por uma alforreca, a primeira coisa a fazer é não entrar em pânico. As alforrecas possuem tentáculos à superfície que, após contacto, têm a capacidade de lhe injetar uma espécie de espinho, o nematocisto, que liberta uma substância tóxica no local da picada.

Com cuidado, lave a zona afetada com água do mar. Sem esfregar!

Remova os tentáculos que poderão ainda permanecer na pele, com a ajuda de uma pinça.

Se for picado por uma alforreca:

- Aplique compressas de gelo.

- Aplique bicarbonato de sódio misturado com água do mar.

Se tiver sido picado por uma Caravela-Portuguesa:

- Aplique vinagre e compressas de água quente. 

- Consulte rapidamente assistência médica

Para as restantes espécies da nossa costa:

- Aplique compressas de gelo

- Poderá também aplicar bicarbonato de sódio misturado em partes iguais com água do mar

Sabia que alforrecas, medusas ou mães d’água existem possivelmente há mais de 650 milhões de anos?

São o mais antigo grupo de animais complexos. Não têm ossos, cérebro ou coração, têm apenas um sistema nervoso rudimentar. Embora não tendo um verdadeiro sistema nervoso central, apresentam uma rede nervosa localizada na epiderme e estruturas semelhantes a gânglios, detetando estímulos e transmitindo impulsos. Os gânglios contêm neurónios capazes de controlar a velocidade e a direção da natação, ainda que limitada. Possuem órgãos rudimentares capazes de detetar luz, odor e as vibrações transmitidas pela água.

As alforrecas são zooplâncton, ou seja animais aquáticos que vivem dispersos no oceano com pouca capacidade de locomoção, sendo basicamente arrastados pelas correntes. Muitas alforrecas têm órgãos bioluminescentes, podendo emitir uma luz. Esta luz pode ajudá-las de várias maneiras, como a atrair presas ou distrair predadores.

Das espécies que aparecem em Portugal a mais perigosa é provavelmente a Pelagia noctiluca (água-viva), caracterizada por se tornar luminescente quando se sente ameaçada e que ocorre principalmente nos arquipélagos dos Açores e Madeira e ocasionalmente no Algarve e a Physalia physalis (caravela-portuguesa), que apesar das parecenças não é uma alforreca.

Viu uma alforreca? Participe na monitorização do IPMA. Envie os seus avistamentos através da app GelAvista ou para plancton@ipma.pt

Conheça algumas espécies da nossa costa:

Physalia physalis (Caravela-portuguesa)
A Caravela-portuguesa, apesar de parecer uma única criatura não o é. Esta é um organismo heteromorfa, isto é, uma colónia de organismos em que cada um tem uma função específica, não estão conectados anatomicamente mas trabalham em conjunto. Flutua à superfície da água e é influenciada por ventos e correntes superficiais. Os seus tentáculos podem chegar aos 30m. Esta é a espécie com maior poder urticante que ocorre com frequência na costa portuguesa, pelo que deverá ser evitado o contacto direto sempre que possível. Em caso de queimadura, aplique vinagre e compressas quentes sobre a zona afetada.

Velella velella (Veleiro)
Provida de uma estrutura superficial semelhante a uma vela, a Veleiro, flutua à superfície da água e é influenciada por ventos e correntes superficiais, sendo como a anterior espécie também uma colónia de organismos. Estes organismos podem formar agregados densos, cobrindo a superfície da água, e vastas áreas de areal quando dão à costa. Os seus tentáculos são pequenos e ligeiramente urticantes, sendo aconselhável evitar o contacto direto. Se for picado, aplique bandas de gelo e se possível bicarbonato de sódio.

Catostylus tagi (Medusa-do-tejo)
É provavelmente a medusa mais comum em Portugal continental, podendo ser facilmente observada em portos e marinas, especialmente nos rios Tejo, Sado e Gaudiana e Ria de Aveiro. É uma espécie de grandes dimensões e o seu poder urticante é considerado fraco. No entanto, aconselha-se precaução. Se for picado, aplique bandas de gelo e se possível bicarbonato de sódio.

Rhizostoma luteum (Medusa-tambor)
É uma espécie rara que ocorre na costa Portuguesa, no estreito de Gibraltar e na costa oeste Africana com relativa frequência. É uma medusa de grandes dimensões cuja campânula pode chegar aos 60 cm de diâmetro. É facilmente reconhecida pelos seus braços orais curtos com longos apêndices de coloração e escura nas extremidades. Em caso de contacto direto com a pele, aplique bandas de gelo e se possível bicarbonato de sódio.